Le fragment d’une Roche
O Instituto Roche completou, em 10 de agosto, 48 anos, e dentre os muitos belos depoimentos que recebemos de professores e alunos de agora e de outrora, há este belíssimo relato escrito pelo geógrafo Roberto Verdum, que passou muitas horas de sua vida aqui no Instituto, como aluno do Monsieur Roche.
Na foto, da esquerda à direita estão a aluna Carmem Lenora, Madame Roche, a aluna Iolanda Leite,
Roberto Verdum, M. Roche e o prof. Paulo Visentini, na cerimônia do título de Doutor Honoris Causa do M. Roche na UFRGS em 2010.
Seu texto se chama “Le fragment d’une Roche” – o fragmento de uma Rocha.
O Instituto Roche, nestes seus 48 anos, reafirma seus ideais, inicialmente propostos por M. e Mme. Roche, de proporcionar conhecimento e proficiência na língua francesa, com reflexões histórico-culturais, como instrumentos de qualificação pessoal e profissional.
Tal como uma rocha (Roche), submetida aos ciclos da natureza, nestes seus anos de existência, o Instituto Roche vem sendo submetido aos processos de transformação e recriação, infinitamente, ao sabor dos ventos dominantes.
Dessa maneira, também como um produto de transformação de uma rocha, o Instituto Roche me permitiu transformações pessoais, que me agregaram oportunidades de diálogos multiculturais, aprendizados profissionais, assim como um caminhar, presente e futuro, de amplas dimensões. É sobre isso que lhes contarei, brevemente, nas poucas linhas que se sucedem.
Como um grão de areia destas transformações, Chez-Roche, fui levado pelos ventos da língua francesa a atravessar o Oceano Atlântico, no início dos anos de 1990, transportando na bagagem o sonho de conhecer o “hexágono”, ou seja, a França, e lá adquirir os conhecimentos de uma das mais importantes Escolas de Geografia do mundo. Impulsionado como um grão de areia, pelos agentes da natureza, percorri os vales (Garonne, Tarn, Dordogne, Seine, etc.), as montanhas (Pyrénées e Alpes), as falésias rosas de la Bretagne, as depressões (Bassin Parisien) … enfim, algumas das belas paisagens descritas pelo M. Roche e que nos faziam viajar, como verdadeiras identidades socionaturais de uma nação.
Para além do “hexágono”, este grão de areia que vos escreve, oriundo de la famille Roche, pôde atravessar as fronteiras e penetrar no continente africano, tão venerado pelo mestre, percorrendo as identidades culturais híbridas, das culturas locais de etnias tão diversas, com a francesa. Mali, Marrocos e Tunísia são a expressão deste hibridismo no qual convergiram os meus passos, em direção ao sonho de percorrer o Sahel e o Sahara, entre o céu infinito, as areias móveis e as culturas híbridas…
Portanto, transformado pelos diálogos e aprendizados Chez-Roche, este fragmento de rocha, que a ele eternamente pertencerá, é mais um que dali partiu para um mundo sem fronteiras, com a bagagem da língua francesa e de suas culturas diversas. Isso me permitiu registrar marcas que revelam, até hoje, uma matriz da expressão do que sou, assim como de todas/os que por ali passaram, passam e ainda passarão… isto é, fragmentos infinitos de la famille Roche!! Grand merci!!
M. Verdum (assim chamado pelo M. e Mme. Roche)